sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Memórias da Vida Ideal #4

Aquele dia quente e abafado, pedindo por uma brisa. Era um grito pelo ar-condicionado, que deixava de existir quando o click do botão ressoava nos ouvidos de nosso herói. Ele sentia uma moleza, um cansaço, mas não podia de deixar de agradecer pelo sol ali na janela, aquecendo suas expectativas de férias, moças e cervejas geladas. Mexeu os dedos dos pés e sentiu os grãos de areia saltitando, felizes pela comunhão entre pé e praia.

Ele coçou a cabeça enquanto via outro vídeo naquele site de vídeos, ou outra imagem engraçada naquele site de imagens engraçadas. Teve vontade de estudar, mas respirou fundo e passou. Olhou para o lado e viu um livro com a capa verde e branca. Ele lembrou que gostava de ler e sentiu vontade de abrir na primeira página, logo após lido o título.

A história era sobre esse cara, meio infeliz e essa sociedade meio infeliz, mas onde todos tinham tudo que queriam. Os desafios eram reduzidos à meras formalidades, e as levianidades eram reduzidas a infelicidades ainda maiores, algo como um cansaço evitável.

Ele sentiu vontade de ter um emprego, de viajar, de fugir. Lembrou da sua montaria, lembrou do seu companheiro de madrugadas, Pablo. Lembrou daquela moça, tão linda, que curvas. Como se chamava mesmo?

Respirou fundo e a vontade passou.

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