terça-feira, 12 de novembro de 2013
Memórias da Vida Ideal #6
Uma agulha entre as costelas, cortando e rasgando, fibra por fibra. Ela aproveita, ela bebe o sangue enquanto ri e gargalha enquanto saboreia o doce manjar rubro. Não se ouve gotejar, pois as gotas não escorrem, ficam ali para sempre, presas.
O mundo ao redor continuou, ninguém se importa. Alguém gritou com ele, ele havia esquecido um copo, o dinheiro, quem sabe se o queixo também. O telefone bambeou na orelha, ele bambeou no mundo. O chão desviava de seus pés, talvez o próprio solo um pouco arrebatado pela notícia.
Não era mais necessário um texto longo ou grandes floreios. Eram sentimentos antes que pensamentos. Não eram palavras, eram rugidos, talvez sussurros. Não se sabe como definir. A vida acaba e continua. Encerra para uns, o mundo não liga e tudo logo volta ao normal.
A morte é anormal? Não. É companheira e acalenta. Traz o descanso aos que merecem. No velório, quem cara de sofrimento? O morto é que não é. Viva e sofra, pois temos um lugar para descansar. E foi isso que ele aprendeu ontem.
Fique em paz, vô.
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