terça-feira, 15 de novembro de 2016

Não encubra a Lua

Fiz a curva e a vi. Minha respiração ofegante, mas ritmada. Eu corria meu oitavo quilômetro. Frank Sinatra cantava a Lua em meus ouvidos e os raios de luz da Lua brilhavam em seus olhos. 

Não preciso dizer que a Lua era um protótipo de beleza, para o qual ela era a versão final. Os olhos castanhos brilharam quando me viu, desinteressada. Fiz a curva rapidamente e passei por ela, sentindo o perfume das flores, como na foto que havia visto.

Flores nos cabelos, grama ao fundo. Um pouco de batom nos lábios. Linda. Bárbara.

Acelerei, apertei o passo. O suor caiu em algumas gotas, desviei de um ou dois ou três. Ninguém presta atenção quando está andando nessa pista. Mas eu presto. Eu olho e procuro ela por cima do ombro quando faço a outra curva. 

Um cacho do lençol de delicadeza que eram os cabelos. Talvez o som da sua voz, batendo papo com uns dois soltando fumaça pela boca, no dia quente. Vejo crianças e seus cachorros. Adultos e seus cachorros.

Se eu for um pouquinho mais rápido, vou vê-la de novo. A pista só tem 900 metros de comprimento. Não quero foto. Nada de luar enfeitando as suas formas. Nada de imaginar perfumes.

Sinatra voou para a Lua, e eu torcendo, comemorando cada passo para estar mais perto dela. Degladiando comigo mesmo porque cada passo mais perto me levaria para mais longe.

Volta completa. E ela, na imaginação. Será que existia? Ou era só uma miragem feita pela Lua?

Imaginei ela, talvez até tenha sentido uns 60%! Vê-la, sentir seu cheiro, ouvir sua risada distante.

Mas e o toque? Ou melhor, o beijo... Talvez no próximo disco do Sinatra ou na próxima Lua Cheia. Pena que a última igual a de hoje foi há 70 anos.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Outra Vida - Armandinho


Talvez não seja nessa vida ainda
Mas você ainda vai ser a minha vida
Então a gente vai fugir pro mar
Eu vou pedir pra namorar,
Você vai me dizer que vai pensar,
Mas no fim, vai deixar

Talvez não seja nessa vida ainda
Mas você ainda vai ser a minha vida
Sem ter mais mentiras pra me ver
Sem amor antigo pra esquecer
Sem os teus amigos pra esconder
Pode crer, que tudo vai dar certo

Uebaruê iô,
Sou pescador, sonhador
Vou dizer pra Deus nosso senhor
Que tu és o amor da minha vida
Pois não dá pra viver nessa vida morrendo de amor

Talvez não seja nessa vida ainda
Mas você ainda vai ser a minha vida
E uma abelinha vai fazer o mel
Estrela Dalva vai pintar no céu
E o vento certo vai soprar no mar
Pode crer, que tudo vai dar certo

Uebaruê iô,
Sou pescador, sonhador
Vou dizer pra Deus nosso senhor
Que tu és o amor da minha vida
Pois não dá pra viver nessa vida morrendo de amor

Uebaruê iô,
Sou pescador, sonhador
Vou dizer pra Deus nosso senhor
Que tu és o amor da minha vida
Pois não dá pra viver nessa vida morrendo de amor

Uebaruê iô,
Uebaruê iô,
Uebaiô oooô

Você acredita em uma outra vida, só nós dois?
Pode crer, que tudo vai dar certo...

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Ontem segurei um pássaro

Machucado, assustado, irritado
Bateu as asas, piou, esperneou
Olhou para o céu noturno, incomodado
E então, piscando os olhos, pensou:

"Mas que terrível, destino cruel
Para um majestoso animal como eu
Que abre os braços e plana no céu
Cair, como gladiador no Coliseu"

Estava mais confuso que todos nós
E aí, a vida do pássaro mudaria
Com o destino rindo, vil e atroz

E quem de nós não é pássaro também?
Umas risadinhas nos cantos ouviria
E virando a cabeça, não veria ninguém